terça-feira, 22 de março de 2011

Rei Artur


Artur Agostinho morreu esta terça-feira, 22 de Março, aos 90 anos, no Hospital de Santa Maria, onde estava internado há uma semana.
Porque sempre teve a felicidade de gostar de tudo o que fez, Artur Agostinho adiou o mais que pôde a idade da reforma, mas, aos 70 anos, foi legalmente obrigado a aposentar-se. Nos vinte anos que se seguiram, Artur Agostinho continuou imparável: escrevia crónicas desportivas no Record, lançou o seu terceiro romance em 2009, participava regularmente em telenovelas e séries de produção nacional. Homem polivalente, experimentou todos os tipos de registo da comunicação: começou na rádio, escreveu nos jornais, deu a cara a um número sem fim de programas de televisão e a vários filmes portugueses.
Locutor, apresentador, jornalista, repórter de guerra, publicitário, actor e escritor, tornou-se um dos rostos mais populares da sua geração. Mas foram a sua belíssima voz grave e a sua dicção irrepreensível que lhe valeram os primeiros passos para a notoriedade, aos microfones da extinta Emissora Nacional, como relactor desportivo, nos tempos em que aos domingos os ouvidos lusos se colavam aos transístores para acompanhar o mais em direto possível - a televisão chegaria bem mais tarde - os jogos de futebol. O seu famoso: "É gooooooloooooooo", que gritou pela primeira vez num Benfica-Porto, no final dos anos 40, ainda hoje persiste como um marco na história da rádio em Portugal.
Por tudo isso, mas também pelo exemplo de dignidade, bondade e humildade que foi a sua vida, a organização dos Globos de Ouro atribui-lhe no ano passado o Prémio de Mérito e Excelência.
Em Dezembro último, Artur Agostinho foi também distinguido pelo Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, com a Comenda da Ordem Militar de Sant'Iago de Espada, naquele que definiu como "um dos dias mais felizes" da sua vida.

Retirado: Caras.pt

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